5 de out. de 2009

Estranho no ninho

Imagem de capa do livro Freakonomics Nelson Jobim quer ser candidato a Presidente da República pelo PMDB.

Já nutriu expectativa menor, quando deixou a vitaliciedade do Supremo Tribunal Federal, insinuando-se ao PMDB para que este o fizesse candidato a vice de Lula.

A manobra não deu certo: ele não combinou com quem, efetivamente, tem comando no difícil manejo do partido.

Sem a toga do STF, e na impossibilidade de vesti-la de novo, o ex-ministro da Justiça de FHC resolveu partir para algo mais trabalhoso que a sucessão de Márcio Thomaz Bastos: quer presidir o PMDB nacional, achando que isto o credenciará ao sonho do primeiro parágrafo.

Viabilizar-se com candidato e lograr êxito na empreitada é uma tarefa indócil para quem está há algum tempo afastado do banzeiro partidário e, mesmo quando estava na marola, não remou o suficiente para ser reconhecido como um timoneiro.

Jobim, na campanha que iniciou, foi procurar, no Rio Grande do Sul, Rigotto e Pedro Simon. Recebeu o apoio dos dois: isto não quer dizer coisa alguma na convenção.

Depois foi atrás de Renan e Sarney. Os dois afirmaram que nada têm a opor à candidatura de Jobim. Isto quer dizer o seguinte: você pode ser candidato, mas nós vamos ter o nosso.

Aliás, Sarney está ávido por substituir Michel Temer na presidência do PMDB, mas, como não entra em bola dividida, nem que a vaca tussa, só o será ser for ungido por uma salva de palmas dos convencionais: isto, se não é impossível, é improvável.

Depois Jobim foi tomar cafezinho com Jarbas Vasconcelos, ex-governador de Pernambuco, eleito Senador da República, que vem a ser o maior expoente dos senadores peemedebistas que já se alinharam em oposição a Lula.

Vasconcelos prometeu ajudar Jobim na pretensão de vir a presidir o partido, mas, em que pese a envergadura política de Vasconcelos, Rigotto e Simon, eles juntos não têm votos suficientes na convenção do PMDB, sequer para eleger o guarda-livros.

O discurso de Jobim é o mesmo de todo candidato que vier a disputar com ele, que é unir o PMDB: isto é uma quimera.

O PMDB reúne lideranças regionais fortes, por conseguinte, a sigla não será unida por alguém que não tenha, no mínimo, a visão pragmática desta diversidade, e não saiba trabalhar as adversidades que daí aparecem.

Unanimidade no PMDB é uma palavra inexistente. Maioria qualificada é uma probabilidade que só foi conseguida, na história recente do partido, com Ulisses Guimarães e Jader Barbalho: este, aliás, quando presidiu o PMDB, foi o derradeiro a dar certa tez monolítica ao partido.

Em que pese a respeitabilidade do nome de Nelson Jobim, este não reúne as características necessárias para presidir o PMDB: seria um estranho no ninho.

Caso ele insista na empreitada, deverá curtir uma derrota pela qual não deveria passar.

Caso, por ventura, ele viesse a vencer, o PMDB continuaria a ter um presidente sem representatividade, como é Temer, que já se conformou com a realidade que lhe pesa, e resolveu se quedar ao fato de precisar entregar um cetro que há muito não é seu.

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