4 de fev. de 2008

Capitalismo criativo

Bill e Melinda, durante trabalhos da Fundação Bill & Melinda Gates, na África. Acabo de assistir a palestra proferida por Bill Gates, durante a reunião anual do Fórum Mundial Econômico, em uma sessão intitulada “Uma nova abordagem para o capitalismo no século 21”.

Se não fosse o próprio Bill Gates a falar, e se eu não estivesse lendo o enorme dístico ao fundo, dizendo que aquilo era o Fórum Econômico Mundial, eu poderia concluir que a fala era de algum líder de esquerda a se pronunciar no Fórum Social Mundial.

Um dos três homens mais ricos do mundo, presidente e sócio fundador da Microsoft, Gates pediu às empresas um capitalismo criativo com uma nova abordagem nos esforços para erradicar a pobreza global e as doenças.

Mr. Gates declarou que “o mundo está melhorando, mas não tão rápido quanto o necessário, e não na mesma intensidade para todos”.

Afirmou ainda, diante dos líderes da sociedade civil e empresários presentes, que "é preciso encontrar uma maneira para que os aspectos do modelo econômico sirvam aos ricos mas também aos pobres".

“Eu gosto de chamar isto de capitalismo criativo”, disse Gates, e sugeriu que “os CEOs devem dedicar parte do seu tempo para resolver os problemas das pessoas mais pobres do mundo”.

Ilustrando a sua fala, Gates citou o exemplo de uma parceria entre a Organização Mundial da Saúde e uma empresa farmacêutica da Índia, cujo nome eu não consegui entender, para vender vacinas contra a meningite à moradores pobres da África, por um preço bem menor que o cobrado pelos fabricantes de vacinas concorrentes.

Ele apontou que a expectativa de vida aumentou e os avanços na ciência melhoraram a qualidade de vida das pessoas, mas, enfatizou, que ainda há muitas coisas a serem feitas.

“Um bilhão de pessoas no mundo vive hoje com menos de 1 dólar por dia e não tem acesso à água potável, eletricidade e outros recursos básicos, e a cura da malária recebe menos atenção do que a cura para a calvície”, comentou Gates.

Avisou, ao final da fala, que aquela seria a sua última palestra como funcionário da Microsoft: ele irá se aposentar em junho deste ano, do seu posto em tempo integral da empresa, resumindo a sua presença às reuniões especiais do conselho.

Todavia, ponderou, não irá vestir o pijama e desfrutar da sua fortuna pessoal, que oscila entre a primeira e a segunda do planeta: vai dedicar-se integralmente, com a sua esposa, Melinda, aos trabalhos da entidade beneficente que fundaram, hoje uma das mais ricas do mundo, e que presta serviços humanitários em vários continentes, a Fundação Bill & Melinda Gates.

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