11 de fev. de 2008

Às tantas quanto

Deja vu - Joel Biroco. Clique na imagem para seguir o link. Minha parca visão me tem levado a crer em um axioma que erigi: governos não têm partidos ou ideologias, mas, circunstâncias e conveniências.

É possível ver diferenças em uma agremiação partidária, ou no comportamento pessoal de um líder, quando estes não estão adstritos ao império de um governo, ou seja, quando não estão no poder.

Uma vez lá, o organismo burocrático toma conta da alma do ungido e o governo passa a fazê-lo servir aos interesses da máquina do Estado, que nem sempre tem os mesmos objetivos da nação e quase nunca age conforme os ideais desta.

O prelúdio foi para falar sobre os cartões corporativos, assinados com a finalidade de tornar mais ágil a máquina estatal e, por conveniência, controlar as despesas dos agentes públicos com mais efetividade.

O organismo burocrático, todavia, é de difícil controle, mormente em repúblicas incipientes como a nossa, onde só há pouco tempo se tem dado à nação conhecimento de seus custos e a forma como eles são compostos.

Para não cairmos naquela situação cretina do marido que vendeu o sofá porque flagrou a esposa o traindo nele, não se deve dar a conotação de que o objeto dos cartões corporativos não é conveniente: o que deve ser avaliado a fundo são as circunstâncias em que eles estão sendo usados e quem deles está usufruindo.

O governo, ao invés de urgir para esconder o uso do cartão corporativo, deveria, a proveito do amadurecimento democrático, corrigir-lhe o mau uso e continuar oferecendo à nação a transparência que a deixou ver os abusos: a melhor forma de fiscalização é o controle social.

Não se deve esperar que o movimento da máquina estatal seja feito por romantismo: ela tem custos altos.

O que se deve perseguir são os resultados obtidos com eficiência, para que possamos cotejar os benefícios, e somente então avaliar se foi desperdício ou não do erário um funcionário público ter tomado uma cerveja à custa do contribuinte, enquanto em missão a serviço deste.

Comporta-se com maniqueísmo, como quase sempre nestas circunstâncias, a oposição, ao querer fazer do episódio de mau uso dos cartões corporativos uma CPI, e com absoluto cinismo ao querer restringi-la ao mandato do atual Presidente da República.

Não interessa à oposição regressões de CPIs a vidas passadas, por ter ela, como eu, a certeza daquilo que afirmo no início: ressalvadas as particularidades de estilo, os acertos dos mais diferentes governos podem até guardar algumas diferenças, mas, nos erros, todos guardam similitudes.

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