19 de fev. de 2007

Inclusão digital?

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Nicolas Negroponte, um dos fundadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o renomado MIT, da Universidade de Harvard, é um papa da tecnologia, por isto, suas opiniões a respeito do tema devem ser apreciadas.

Negroponte resolveu ser o guru da inclusão digital, ao propor o projeto “Um laptop para cada criança”.

A peça de resistência do projeto é um PC portátil, cujo custo será 100 dólares, e deverá ser distribuído para crianças do terceiro mundo para ser um elemento na luta contra a exclusão digital.

O Brasil entusiasmou-se com ideia e pretende ser um dos maiores compradores das engenhocas.

Ouso discordar do método, pertinência e oportunidade do projeto de Negroponte, assim como enxergar como lamentável a precipitação do Brasil em aderir a ele: se levada a cabo esta empreitada, o resultado prático será um enorme fiasco.

Não precisaria Negroponte gastar neurônios para fazer um PC de 100 dólares: o mundo tem milhões deles, mas, ninguém mais quer usá-los, pois estão ultrapassados e não comportam o peso dos softwares atuais.

A engenhoca idealizada por Negroponte, tecnicamente, não pode ser chamada de PC: é apenas um terminal que entrega informações a serem acessadas na rede e esta ainda não chegou aos locais onde está a maior parte da clientela do projeto de Negroponte.

Mesmo que estas máquinas sejam conectadas, o acesso ao conteúdo será pesado para a capacidade de processamento delas: isto frustrará o possuidor, que acabará usando-a tão somente para brincar de joguinhos da década de 80.

Como a usabilidade e utilidade da dita máquina, por suas limitações, será frustrante, ela tenderá a ser abandonada em poucos meses de uso, interrompendo o que se desejaria dela. Dever-se-á, também, esperar um estoque enorme de máquinas defeituosas no primeiro ano de uso.

As razões acima me fazem, infelizmente, apostar que o projeto está fadado ao insucesso: o laptop de Negroponte é um lamentável equívoco.

Michel Dell, o  bilionário dono da Dell, uma das maiores fabricantes de PCs do mundo, foi corretíssimo quando estocou a ideia de Negroponte: “se você pudesse oferecer algo às pessoas do terceiro mundo, acredita que é de computador que elas mais precisam? Será que não necessitam mais de água tratada e remédios?”

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